Amamentação em livre demanda e a volta ao trabalho

Outro dia estava pensando sobre o quanto existe extremismo no universo feminino e quando digo isso não estou isentando nenhum grupo de mulheres, hoje eu quero abrir uma reflexão que ainda está em construção na minha mente, mas que quero compartilhar para quem sabe ouvir o ponto de vista e até mesmo a experiência pessoal de outras mulheres que se sentiram carregando um fardo em relação a amamentação. Minha reflexão não é sobre a cobrança dos homens em relação as mulheres, mas de mulheres para mulheres. Vou iniciar fazendo um curto relato sobre as minhas duas histórias de amamentação.

aleitamento materno

Nas duas vezes que amamentei tive a mesma opinião sobre esse ato. Realmente amamentar é um ato de amor e pura doação. Pra mim foi muito mais dolorido que a recuperação da cesárea do meu primeiro filho (que foi bastante sofrida) e do trabalho de parto e parto do meu caçula que foi um parto natural. As pegas eram corretas, tive quem me orientasse, mas a frequência das mamadas eram tão curtas que minhas mamas assaram, então sentia como que uma chama acesa enquanto amamentava nos primeiros dois meses. Tive mastite e ducto interrompido quando meu segundo filho tinha 10 dias, foi ainda mais dolorido, mas as informações que eu tinha sobre o quanto o leite materno é benéfico para o bebê me incentivava, porém, a forma que algumas mulheres se dirigiam a mim me lembrando da minha obrigação em amamentar e que essa deveria ser em livre demanda fez com que em muitos momentos o aleitamento se tornasse um fardo pra mim.

Curiosamente tenho duas amigas que não sentiram as mesmas dores que eu ao amamentar seus filhos, ambas não fizeram livre demanda e levaram suas rotinas de uma forma mais leve emocionalmente falando. E seus filhos desde que nasceram dormiram melhor que os meus desde que nasceram.

família

Nas duas vezes que tive meus filhos me programei para ficar com eles em casa por pelo menos 1 ano, então a amamentação em livre demanda era levada a risca por mim. Mas sempre me questionei como seria se eu estivesse trabalhando no mercado de trabalho formal. A mesma sociedade que me rodeava e cobrava para amamentar e estar disponível para meus filhos é a mesma para as mães que trabalham fora e muitas mulheres sofrem física e emocionalmente.

Sinceramente, como a mulher vai voltar a rotina da sua vida no mercado de trabalho, por exemplo, se ela não dorme, se acostuma seu filho a ser atendido somente por ela dia ou noite porque a única coisa que acalma o bebê é o mamá? Como essa mulher vai seguir as dicas de ter um tempinho pra si, deixando o bebê aos cuidados de outrem se há uma cobrança ao seu redor questionando se o bebê vai ficar bem sem a mãe, mesmo sendo por um curto prazo de tempo?

Padronizar a forma que as mulheres devem amamentar seus filhos não é a solução para incentivar a amamentação. Ela precisa voltar ao trabalho sem culpa, sabendo que deu seu melhor enquanto esteve integralmente com seu filho e que vão vencer a fase de adaptação e o vínculo entre eles continuará mesmo que para isso seja necessária uma rotina mais rígida, incluindo uma amamentação dirigida ou controlada.

amamentação no trabalho

Minha intenção com esse texto não é levantar a bandeira contra a amamentação, pelo contrário, é de incentivar as mulheres a criarem a sua própria maneira, que seja saudável pra você e seu bebê. Que não comprometa a sua saúde física e emocional, que te permita contar com a ajuda de outras pessoas sem que seu filho sofra pela sua breve ausência. Vamos discutir sobre como fazer a maternidade ser mais leve, sobre como de fato as mulheres podem conquistar um espaço na sociedade e não ser um fardo, o caminho que tenho escolhido para isso é a crítica. E você, enxerga uma maneira de andar na contramão?

Repito: sou totalmente a favor da amamentação.

BAIXE NOSSO E-BOOK “CONSTRUINDO UM TRABALHO COM AGENDA FLEXÍVEL” CLIQUE AQUI!

Compartilhe esse post

7 comentários em “Amamentação em livre demanda e a volta ao trabalho”

  1. Antes, quando a mulher tornava-se mãe recebia palpites e conselhos dos parentes, amigos, vizinhos e logico a orientação do medico que a acompanhava, hoje em dia esses conselhos vêem de todos os lados e nos vemos não apenas com 1 médico acompanhando mas vários, seja pessoalmente, por blogs, por páginas e mídias sociais, acabamos recebendo tantas informações que é dificil assimila-las, fora aquele sentimento de se eu não fizer assim como estão falando será que serei “menos mãe”?
    Meu problema foi a questão da amamentação, eram tantas pessoas tão experientes dizendo que não existe leite fraco, que toda a criança se satisfaz exclusivamente com o leite materno em livre demanda que eu fiquei realmente decepcionada comigo mesmo quando minha filha que mamava em livre demanda, mamava muito muito muito, chorava de fome apos as mamadas, tive rachaduras, assaduras, chegando a sangrar algumas vezes, mesmo ela tendo a pega correta. Resolvi fazer um teste e tirar com a bombinha, foi quando vi o motivo da choradeira, noites em claro, peito direto pelo dia todo, não saia leite, pingava leite, em mais de 30 minutos com a bombinha tirei menos de 20ml de leite. Ai eu pensei.. bem e agora? Vou complementar pelo menos saberei que ela está alimentada e ficarei também mais tranquila e assim fiz, seio + complementação e ela dormia e sorria satisfeita. Para mim, minha família, a regra não serviu. Daí fui criticada e eu mesma me criticava (diante de tantas informações, dicas e orientações de pessoas muito mais gabaritadas do que eu, eu tinha falhado) e isso criou um sentimento de culpa, impotência, incapacidade; até que um dia relaxei, fiquei “leve”, se assim deu certo, assim que ia ser e foi melhor para mim emocionalmente quando me livrei dessas cobranças externas e internas. Tive muito apoio da minha familia e do meu marido, alias, minha mãe e ele foram os primeiros a dizer dá o leite para ela, complementa, não tem problema nenhum, ela ficará bem. E detalhe eu tinha parado de trabalhar para “maternar exclusivamente” imagino quem não pode fazer o mesmo lidando com tantas cobranças.

  2. Amamentar é um ato de amor, mas não podemos fantasiar as coisas doe sim é muito ruim o peito sangrando e a criança mamando, mas o amor de uma mãe é o que nos faz passar por tudo isso. É se alguém perguntar sim faríamos tudo de novo.

  3. Pingback: Por trás de uma mãe existe uma mulher - Conta pra Elas

  4. Pingback: Escritório de arquitetura: como ser mãe e arquiteta?

  5. Pingback: Mãe trabalhando, filha dormindo - Na ponta dos pés

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ebook gratuito

Nathália Machado.

o Conta Pra Elas é como um diário pra que compartilhe com você minhas descobertas, conquistas e dicas.

Últimas postagens