Orientação antecipatória é importante na maternidade para ajudar seu filho a enfrentar uma situação difícil.
Nos últimos dias, circulou pelas mídias o vídeo de um médico pediatra vacinando um bebê (inclusive compartilhamos na nossa página no Facebook). Com toda artimanha, o bebê é entretido e nem se dá conta do que está acontecendo. Até os pais (que às vezes até choram junto com o bebê) se divertem.
Dos comentários que acompanhei, vi uma mãe falando: “Quem dera tivesse um médico desse pra criança maior!”. Sabendo que a estratégia do pediatra não teria o mesmo efeito para crianças maiores, me atinei para a escrita sobre a orientação antecipatória para acontecimentos importantes.
Do que se trata a orientação antecipatória?
É justamente informar o que provavelmente vai acontecer numa situação que a criança terá que passar, como no dia de vacinação.
Muitas vezes, os adultos subestimam a capacidade das crianças para aceitar, entender e se adaptar a situações difíceis e, com isso, tentam tapear a criança. Isso acontece, por exemplo, quando os pais saem de fininho, pensando que a criança não vai notar. As consequências que o engano ou a omissão produzem são muito danosas. Aumentam a insegurança, a ansiedade e a confusão, minam a confiança e prejudicam o desenvolvimento da capacidade de adaptação e de lidar com experiências importantes.
A orientação antecipatória é baseada na crença de que a criança é capaz de se desenvolver emocionalmente e enfrentar as situações, mesmo as adversas. Quando ela sabe, em certa medida, o que pode acontecer, ela pode se preparar para a situação. Por exemplo, os pais podem dizer à criança: “Fulaninho, hoje é dia de vacina. Vai ser mais ou menos assim: o moço vai passar um algodão no seu braço e vai colocar uma agulha para colocar o remédio no seu corpo. Dói um pouquinho, mas passa rapidinho. Isso vai ajudar o seu corpo a ficar mais forte. Eu vou estar lá com você”.
É claro que nenhuma orientação é capaz de cobrir toda a dinamicidade da vida e que, às vezes, passamos por situações completamente inesperadas. Além disso, não basta apenas informar sobre o que vai acontecer. É igualmente importante estar atendo para a forma de dizer, a entonação, a escolha das palavras, o momento, e estar pronto para acolher a criança com seus sentimentos.
A utilidade e os benefícios da orientação antecipatória se estendem por toda a vida. Não é à toa que as escolas investem em simulados para o ENEM, que existem cursinhos preparatórios para o vestibular, que músicos ensaiam antes de uma apresentação, que maternidades oferecem a oportunidade de visita guiada para gestantes, que existem instrutores de direção para quem pretende tirar carteira de motorista, que estudantes fazem estágio, e por aí vai.
A orientação antecipatória é um recurso potente, que atua no desenvolvimento de relações de confiança e segurança, fundamental para enfrentar as dificuldades da vida.
A Kelley Jardim é psicóloga de família e sempre compartilha matérias importantes aqui no blog. Para ler mais textos dela, clique nos links abaixo:
- Tornando-nos pais – A casa que se transforma para a chegada de um bebê
- Os limites para criança e a responsabilidade dos pais – Uma reflexão sobre a palestra da Dra. Filó
- 2 fortes motivos que levam um casal ao divórcio
- A importância do brincar na infância
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