É impossível começar esta crítica sem falar do que bateu primeiro: a emoção pessoal.
Ver a Rosinha na telona, interpretada pela Ana Júlia — aquela mesma que acompanhei desde bebê em um grupo materno no Facebook, crescendo junto com o meu Danilo, mesmo que só virtualmente — foi como ver um pedacinho da nossa história estampado na tela grande. E mais do que isso: foi vê-la brilhar. Parabéns, Dayane, mãe da Ana Júlia. Você tem em casa uma atriz mirim de talento gigante, que fez da Rosinha alguém que a gente queria ter como vizinha ali na Vila Abobrinha.
E por falar em brilho… Mari Figueiredo, que orgulho é te ver em ação! Responsável pela caracterização da turma toda, Mari é dessas profissionais que a gente guarda no coração. Talentosa, autodidata e essencial na transformação de personagens em gente de verdade. Cada chapéu, cada sardinha no rosto, cada poeirinha bem colocada nas botas do Chico: tudo feito com aquele capricho mineiro que a gente reconhece de longe.


E Isaac Amendoim, hein?! A gente conhecia ele da telinha do celular, rindo com seus causos de Cana Verde, e agora ali, no escurinho do cinema (ou da sala, no nosso caso), divertindo plateias e mostrando que sim, esse menino tem estrada no cinema. Que seja a primeira de muitas aparições!
O filme
Em Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, nosso caipirinha mais amado acorda com um único objetivo: pegar uma goiaba suculenta da árvore mais especial da vila, sem que o Nhô Lau perceba. Só que, dessa vez, o problema é maior do que levar uma bronca: a tal goiabeira está prestes a ser arrancada para dar lugar a uma estrada! E assim começa uma aventura de resistências, confusões e muitas risadas na Vila Abobrinha.
A turminha — com Rosinha, Zé Lelé, Hiro, Tábata, Zé da Roça — se junta para proteger o que mais importa: a natureza, a memória e os vínculos que unem aquela comunidade. Tudo isso enfrentando o vilão Dotô Agripino e o almofadinha do Genezinho.
Uma história que mora na infância do Brasil
É Chico Bento. É Maurício de Sousa. É infância, é Brasil.
Quem cresceu com a Turma da Mônica, sabe: o Chico é poesia em forma de personagem. É o menino da roça que comeu jabuticaba do pé e aprendeu a amar o mato, a enxada e a Rosinha. Vê-lo agora em live-action, com sua vila construída, seus causos falados com sotaque e muito coração, dá uma vontade de colocar um chapéu de palha e chamar todo mundo pra ver junto.
Aliás, que delícia é essa nova fase do cinema brasileiro em que podemos ver nossos personagens queridos de carne, osso e sorriso largo. Primeiro foi “Laços”, depois “Lições” e agora essa belezura mineira cheia de encanto.



A sessão em família
Assistimos em casa, porque a vida anda corrida. Mas não faltaram os papos depois. Meus meninos, como bons cinéfilos mirins, comentaram tudo:
– “Mãe, que legal o Chico quebrando a quarta parede!”
(Eu me emocionei com essa frase mais do que com muito filme premiado.)
– “Eles se apaixonaram sem deixar de ser crianças.”
(Reflexão digna de adulto.)
Esse é o poder do bom cinema: fazer pensar, rir e conversar em casa depois dos créditos. Mesmo com meses de atraso, não poderia deixar de escrever sobre isso. Porque um filme que junta infância, causa social, atuações lindas e mineiridade merece, sim, ser registrado com carinho — e com orgulho.
Porque se tem algo mais maravióso que goiaba no pé, é ver o cinema brasileiro florescer.
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