De molho, refletindo, fazendo um balanço da vida… Agradecendo… Mãe não deveria ficar doente!
Acontece. A vida e suas ironias. Algumas pessoas que já me acompanham sabem o esforço dedicado para conciliar família e trabalho. Dois pratos girando não é tarefa fácil, mas possível. Tenho amigas que conciliam mais pratos. Sete filhos está bom para você e trabalho? Pare de reclamar.
Sobre o trabalho, ainda estou me preparando para escrever sobre as vendas por si só, seus desafios, percalços reais e facilidades, o que exige um bambolê muito bem executado. Mas siga os olhos e continue a percorrer o drama à frente. Estava há vinte dias animada e focada no trabalho.
Entusiasmo é tesouro para a vida de uma mulher. Com entusiasmo, cuido da minha filha “olho no olho” (vivo aquele momento de verdade, brinco de verdade, estou ali de verdade e não só cumprindo uma tarefa), faço um bom trabalho, lavo louças sem me sentir injustiçada com o mundo, leio livro calmamente (sim, isso é possível), fico de ponta à cabeça (a capoeira me ensinou). O foco não é bem o meu forte, mas o entusiasmo acende o farol para as demais habilidades aparecerem, entre elas o foco.
E num golpe tão corriqueiro da vida, chega minha filha bem resfriada em casa, após a escola. O dela durou poucos dias, mas o vírus que me atemorizou (esta palavra digo sem pesar, porque foram 20 dias gripada) era sem precedentes. E toda aquela atitude mental foi por água abaixo. Pensei, estou “de molho”. Há sabedoria para se aprender, para viver. Confesso que em tempo algum estive tão convalescente por conta de uma virose. Após resistir aos remédios mais pesados, estava ali flertando com os antibióticos. E aprendendo a tarefa de ter paciência. Paciência com o meu corpo frágil (consciência da fragilidade que te humildifica – essa palavra não existe) e paciência para aquietar a mente acelerada.
Eu sei que você sabe, mas preciso entoar este mantra todos os dias: a ansiedade nos faz perder tempo. Aquieta-te no Senhor… Por isso, pensei: aquieta-te, garota. Descansa Nele! Foram dias de programação no “conta pra elas”. Dias para criarmos um vídeo lindo homenageando as mães. Queria participar. Queria tanto. Mas não foi possível… A gripe derrubou até o olhar. As vendas ficaram stand by. O tempo “de molho” tem me ensinado sobre a paciência.
Ora, e quando o pulmão se restabeleceu por completo, outra ironia surgiu rapidamente. Quando a saúde recobrou, entrou em cena o caos que afetou os becos de todas as casas do Brasil. Em BH não foi diferente. Com a greve dos caminhoneiros, fato este que dispensa qualquer explicação – nos jornais só se fala nisso, o combustível acabou. Junto com o combustível, produtos e serviços básicos. Aliás, estamos sem ovos em casa. Dê um tempo ao omelete. Já era hora.
O golpe se estendeu até mesmo aos setores de saúde. O transporte público ficou afetado, o transporte policial, o transporte de oxigênio para os hospitais. Ficar doente nesta época só para ser atendido no setor de emergência. As estradas pararam, não foi só carga perecível, mas carga viva também. Por aqui, nossa igreja também sentiu: o culto foi cancelado. E oramos pelo nosso país.
Nós como mães, mulheres que estão formando e criando os cidadãos do futuro próximo, paramos para refletir sobre tudo isso. Na escassez da saúde e da gasolina, podemos pensar no eu coletivo com uma rapidez incrível. A escassez também aumentou a gratidão em meu coração quanto a ter o básico para se viver. Agradecer e educar a minha filha neste caminho de gratidão.
Não temos o controle em nossas mãos. Nunca tivemos, seja em tempos de escassez ou abundância. Não há mesmo a menor possibilidade de se crer que o controle está em nossas débeis mãos. E que bom que é assim. A atual leitura do evangelho de Juízes tem me incentivado a esta reflexão sobre nossa clara posição de desgoverno sobre a própria vida. Não há dúvidas, nossa força está nas mãos do nosso Deus. Que não nos falte a fé. E que bom que a fé é dom de Deus.
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