Quase 2 anos em casa com ela, enfim chegou o dia da adaptação escolar.
Claro que vou contar como foram minhas primeiras sensações ao ver a pequena na escolinha, após quase dois anos por conta… Após alguns dias de adaptação escolar (como esta fase é importante), havia chegado aquela segunda-feira em que ela ficaria sozinha sem a presença da mãe. Repeti “filha, você vai ficar aqui com a professora e depois a mamãe vai te bus….car! (ela dizia). Fomos de carro cantando: Tá na hora tá na hora, tá na hora da escola…” Ela adorou!
Então, ela chegou na escola, correu para o primeiro carrinho de brinquedo que fica na recepção e ficou brincando. Novamente falei, “filha, você vai ficar com a professora e depois mamãe vai vir te bus…” ela não completava mais a frase. Extasiada com tantas crianças. Olhei para professora e ela disse: “eu sei, pode ir tranquila. Será jóia.” Sofia se abraçou à professora, adorando tudo ao redor. Eu dei um tchau não correspondido. E um novo filme começava em minha vida com a metáfora perfeita do tchau não correspondido.
Pude visualizar um plano sequencia inteiro, longo aos moldes Hitchcock e de repente aquele corte seco: Ela e eu não éramos mais a mesma pessoa. Já era hora. Diriam vocês, leitores maldosos. Mas um mundo em que eu era acalento, alimento, um ser pleno de utilidades agora não era assim tão necessário. Que bom. E a fase de suprema dependência havia acabado. Assim, desse jeito mesmo.
E foi no primeiro dia de aula, depois da fase de adaptação escolar, que me vi sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Quase uma cena Almodóvar de “Mulheres à beira de um ataque de nervos”. Um pouco de drama histérico, bem clichê. Até bom de se sentir. O marido: “mas não era isso que você queria, meu amor…” Mulheres, afinal quem poderá nos compreender. Petulância a de quem se intromete em nosso mundo tão avesso.
Estudei bem sobre este cineasta atrevido que escreve muito sobre este nosso mundo e captura esses sentimentos complexos ou simples demais de forma tão minuciosa que esbarra em nosso constrangimento. Veja “Tudo sobre minha mãe” ou “Fale com ela” para depois discordar de mim, ok. Mas sigamos para o Mundo de Sofia.
Ao deixa-la nos braços da professora, “tão querida” (puxa, que bom que gostei tanto da professora) saí da escola, olhei pela janelinha e vi aquela garotinha tão encantada no colo da professora. Que alegria! Estava se sentindo segura. Como me senti segura ao vê-la segura. A reação dela me deu força para segurar as lágrimas ao menos até o carro. E ali pude chorar com dignidade e agradecer a Deus pelo tempo tão precioso com ela em dedicação exclusiva e por termos tido uma leve adaptação escolar.
O primeiro ano é muito sagrado não só para eles, mas para nós mães também. Já pensei um pouco sobre isso.
Podemos seguir na correnteza forte do “abobadamente atarefados” como formigas malucas: filhos, marido, trabalho, casa. Como fica difícil acreditar que não somos tolas. Tantos pratos a se equilibrarem. Mas insisto, sendo boba e panfletária que sou: o prato “casa limpinha” pode até cair por um tempo.
Deixe cair e gaste tempo de qualidade com seu pequenino ainda bem pequenino. Tenho uma leve suspeita de que quando os nossos olhos estiverem se despedindo dessa terra, nos lembraremos daquele nosso bebê repousando em nosso colo cheirando a tanto leite. Ah, isso é para sempre.
Bom, e voltando ao carro: as lágrimas secaram com aquele vento no rosto. E foi olhando para aquele volante, pude observar aquelas unhas com misericórdia. Segui para o salão mais em conta do bairro para pintar as unhas abandonadas por quase dois anos. Não façam isso.
Dedicação exclusiva ao bebê… Fim de um puerpério… adaptação escolar… Bem, veremos quais serão as cenas dos próximos capítulos.
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2 comentários em “A adaptação escolar e uma mãe que volta a ter algum tempo pra si”
Ah Luiza, você descreveu tão bem o desafio de tantas mães! Quando chegarmos ao céu, vamos perguntar ao papai: Porque os homens não sentem tanta culpa como as mulheres? É mesmo desse jeitinho, e continua para sempre, melhora um pouco, mas a mania de achar que ” sem mim, nada acontece”, demora para acabar. Você escreve muito bem. Continue publicando. Sofia, de agora em diante, vai ficar cada dia, mais independente até que seja mãe, aí começa a depender do carinho dos filhos. Mulheres! Aff.
Cristina, é verdade. Como o carinho dos filhos é um bálsamo para nós. Vale cada noite de sono mal dormida. Obrigada por sua mensagem. Este retorno tão carinhoso também vale ouro! Beijos!