De uma forma ou de outra, mais ou menos intensa, toda mulher que se torna mãe vive algum tipo de luto materno, a começar pelo parto. Expectativas pelo tipo de parto, normal, cesárea, vem à tona. E quando não se consegue o que foi idealizado, passamos pelo primeiro luto.
E aí o bebê nasce, às vezes o leite vem na medida, desce, o bebê abocanha corretamente o peito da mãe. Mas às vezes não acontece o que foi idealizado durante a gravidez. A amamentação até os dois anos, como preconizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Não acontece. O bebê não suga bem, o leite é insuficiente, o bebê não ganha peso como o ideal. E a tão temida fórmula é recomendada pelo pediatra.
E aí o segundo luto vem. A licença maternidade para umas só vai até os quatro meses, para outras seis meses. Algumas abrem mão do trabalho, da carreira por alguns anos.
E quando chega a hora de deixar o filho nas mãos de uma terceira pessoa, seja creche ou babá, o terceiro luto acontece. Para algumas, a depender do temperamento de cada uma, passam tranquilamente por esse período. Para outras mães, a separação é mais dolorida e requer algum tempo para o completo restabelecimento da nova condição.
Em todos esses lutos, Deus quer nos mostrar que não temos o controle absoluto de nada. E que há um tempo determinado para todas as coisas. Uma grande verdade de Eclesiastes.
Atualmente, eu vivo um outro tipo de luto materno que ainda não foi falado aqui. Fiquei durante dez anos vivendo a maternidade em tempo integral. E tudo o que envolve ela, casa, roupa, comida, aulas.

Contudo, em agosto de 2023, fui surpreendida com o meu retorno ao trabalho. Comecei uma pós-graduação e algumas mudanças foram feitas em casa. Aquele café da manhã delongado, com orações e leitura da bíblia, foi deixado para o sábado.
Passeios na lagoa, panquecas e os cookies da Teresa também. A vida se tornou bem mais corrida e o tempo está passando mais rápido. De repente, me vi passando novamente pelo luto materno.
De não conseguir vivenciar todos aqueles momentos. E não passar o tempo que gostaria com os meus filhos. Mas o tempo de trabalhar e exercer a profissão que Deus me confiou, chegou.
Atender crianças atípicas me mostram que não tenho controle. Quem faz a obra das minhas mãos é o Senhor, que tem o poder sobre todas as coisas. E nos dará forças para passarmos por todos esses lutos e pelos que ainda virão.
Juliana é esposa do Pr. Igor Miguel, mãe de João (13) e Teresa (8), e fonoaudióloga especializada no cuidado de crianças atípicas.
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