É engraçado como pessoas que não conhecemos pessoalmente podem participar das nossas vidas. Silvio Santos é uma delas. Todo brasileiro sente um quentinho no coração ao ouvir a música de abertura do seu programa – lá lá lá, lá lá lá, Silvio Santos vem aí, lá lá lá lá lá lá…, a ouvir sua gargalhada e bordões.
Como uma comunicadora, me pego pensando em diversas lembranças dos domingos, na minha casa ou de algum parente, dos aniversários da minha vó Mariazinha perguntando se o presente que tínhamos levado para ela era uma Tele Sena?! Da vez que minha vizinha ganhou barras de ouros e foi no programa receber o prêmio… Ter assistido ela naquela ocasião me fez pensar que ele era real, um personagem da TV, mas um ser humano também.
O olhar empreendedor de Silvio Santos
Por conhecer tão bem o brasileiro, a história do SBT e do Silvio Santos tem vários dados para provar que tipo de produto estrangeiro poderia fazer sucesso no Brasil. O colega de trabalho de tantas mulheres que o prestigiavam na plateia sabia muito bem o quanto as “Marias” [Maria Mercedes (1992), Marimar (1994), Maria do Bairro (1995)] fariam sucesso por aqui, um melodrama com a cara das donas de casa brasileiras, numa era onde a televisão com a sua programação ditava o horário que sentaríamos no sofá para assistir determinada novela, programa ou jornal.
Que criança nunca fez acordos em casa para os pais liberassem a TV na hora de uma das novelas infantis?! Pelo menos na minha casa isso acontecia. Década de 1990, uma única TV em casa, para assistir Carrossel (versão mexicana) e Chiquititas. Eu precisava pedir ao meu pai que visse um jornal a menos de outro canal, já que ele gostava de ter o controle remoto e assistir as mesmas notícias nas vozes de diferentes jornalistas e emissoras.
Na hora do Chaves era diferente, não era preciso nenhuma negociação, quem estava em casa parava pra ver. Me lembro até hoje do dia que descobri que esse era um programa mexicano. Aquela vila e personagens eram tão próximos de mim que eu nunca tinha percebido a dublagem (e olha que eu gostava de reparar essas coisas), mas o envolvimento com as histórias me impediam de perceber tais detalhes.
Antes de Programa Silvio Santos, Silvio apresentava o Topa Tudo por Dinheiro. Então, lá em casa (e na de muitas pessoas que conheço), o domingo era assim: íamos pro culto a noite, mas na volta “era de lei” esquentar o almoço especial de domingo e assistir com o riso solto as pegadinhas com Ivo Holanda, as provas no palco onde tantas vezes o apresentador compartilhava com a plateia e telespectadores o que aconteceria, passávamos, então, a ser aliados dele naquela produção de entretenimento. Que gênio!
Memes antes mesmo da internet
O menino do Raça negra, o mergulho de terno e gravata inesperado na piscina, as muitas participações da Maisa no palco (sim, a maior delas foi levantar a peruca do amigo para matar a curiosidade de milhares de pessoas)… Essa pode ser uma lista enorme, você pode completá-la nos comentários.
Uma lembrança que poderia ser apenas triste, mas não é assim que eu a tenho, foi quando Patrícia Abravanel, a filha número 4 do dono do Baú foi sequestrada… Após o resgate, Silvio ao ser questionado por um jornalista porque na frente da casa do grande apresentador não havia plantões de seguranças diariamente…” A resposta foi inesperada: “exatamente por isso, eu sou o Silvio Santos, recebo tanto carinho das pessoas.” Na sua rotina simples, o empresário não achava necessário um reforço da sua segurança e de sua família além do turno oferecido pelo condomínio onde a família mora até hoje.
Bem, nunca quis escrever após a morte de um artista, talvez por isso não sei bem como finalizar esse texto, mas penso que uma boa maneira é poder dizer que, tendo Silvio como referência no fazer comunicação me deixa mais perto de ter sucesso na carreira: olhar nos olhos do outro e ouvir de verdade o que as pessoas dizem pode ser um dos grandes legados que o apresentador e empresário nos deixa.
E você, que momentos da vida são mais nostálgicas por causa do Silvio Santos?
1 comentário em “A morte de Sílvio Santos e a nostalgia que nos visita”
Aquela música ritmo é ritmo de festa , não saia da cabeça da gente..Ele era incrível mesmo.