A mulher no audiovisual por Paula Frascari

O assunto hoje não é exatamente cinema, porque a atriz que eu conversei essa semana passeia pelo teatro, TV e cinema. Conheci a Paula Frascari na faculdade quando eu estava pré-produzindo um filme para conclusão do  meu curso (cursei cinema) e três colegas da facul me disseram que conheciam uma atriz que era a cara da Sônia, minha personagem. A princípio já tínhamos selecionado uma atriz, mas eu sentia que precisávamos mudar, as coisas não estavam fluindo… Na conversa por telefone já gostei de cara da Paula e quando nos encontramos foi perfeito. A Paulinha encarnou literalmente a Sônia, até dormir no set (que era a casa de um colega de sala) ela dormiu, se vestia, comia, caminhava tudo exatamente da forma que ela criou no personagem. Em um certo ponto da entrevista (que você vai pode ler logo abaixo) ela diz que não faz distinção de um personagem grande ou pequeno e eu afirmo ser verdade, ela se dedicou a esse papel como se fosse um filme de alto orçamento. Pelo seu talento e profissionalismo ela tem alcançado cada vez mais espaço e eu fico muito feliz. Continue lutando, Paulinha, você já está indo longe!
1) Qual o último papel que você interpretou? Era cinema, TV ou teatro?
Na TV o último papel foi a piriguete, Kendrya do “Procurando Casseta e Planeta“, um seriado sobre a volta dos Cassetas no Multishow. No cinema fiz algumas participações em “Amor.com” , onde fiz uma fã bêbada e em “Ninguém entra ninguém sai“, um Sub celebridade.
Paula Frascari
2) Qual a sua maneira de se preparar para um personagem?
Eu me envolvo muito. Penso no personagem 24 horas por dia, levo ele pra casa, mas sei a hora de sair dele. Não sofro, antigamente sofria mais, hoje eu sei que não posso viver a vida do personagem.
Meu material de pesquisa é ler tudo que acho que é aquele personagem, às vezes nem uso na cena, mas pra mim é estudo, é válido. Acho importante na preparação vestir a roupa do personagem, quando eu visto o figurino, ele vem na hora. Gosto de estudar psicologia ou pego referências nos poemas, música, crônicas, romances e observo muito as pessoas na rua, ando muito, no metrô fico analisando todo mundo… Depois que estudei, fica fácil, o jeito de andar, falar e trejeitos vem nauturalmente. Não fico pensando muito sobre isso porque senão não sai orgânico.
Pode levar um tempo ou no improviso sai. Evito ficar presa aquilo. Imagino como é a essência do personagem e faço o que tiver que fazer na energia do momento. Com base no que pesquisei, criei.
Paula Frascari
 3) Como você vê a mulher no audiovisual? Você acha que ainda é feito um convite a partir de um rótulo que a mulher carrega ou aparenta ter? Tipo, se é uma mulher curvilínea, dentro dos padrões de beleza na grande maioria ela será convidada para fazer apenas papeis que destacam seu corpo, por exemplo?
Infelizmente tudo é o perfil. Não entendo isso, mas o mercado é assim, na minha cabeça, podemos fazer tudo. Na TV só chamam pro perfil específico e você acaba fazendo sempre os mesmos personagens. Uma vez um ator disse numa entrevista que o público se acostuma e se você fizer algo diferente estranham. Eu não gosto de fazer a mesma coisa sempre, gosto de desafios e me reinventar. Então, quando sou chamada pra um perfil parecido tento mudar alguma coisa.
Se a mulher tem um pouco mais de curvas eles chamam pra fazer a piriguete, a loira burra, a engraçada. Você entra no esteriótipo.
Como falei, todos podem ser tudo. Somos atores. Não é meu corpo que está em jogo. Se o público prestar atenção só na minha perna, aí tem alguma coisa errada com a minha atuação.
4) Qual limite uma atriz deve colocar quando está atuando? Você acha que se ela aceitou um papel deve se submeter a qualquer situação pelo bem do seu personagem?
Eu sou atriz, não sou um robô, posso fazer tudo sem me ferir e sem passar por cima dos meus valores. Não tenho problema nenhum com nudez, mas não vou me drogar por exemplo, nem transar valendo. Tudo pode ser feito com limite se for pra agregar a cena.
Engordar, emagrecer, raspar o cabelo, pintar de roxo, isso faz parte de uma composição. Eu confio no que o diretor pede. Só que existem diretores e diretores. Sempre obedeci muito os diretores. Gosto de ser marionete, manda que eu faço. Eu sou uma atriz que obedece. Mas o ator tem que se impor e questionar quando não concorda, porque o ator faz parte do processo, não tem que ser mecânico.
5) Conta pra gente qual personagem você interpretou que mais gostou ou que considera ter maior peso na sua carreira? Como você se preparou para esse personagem?
Quando fiz o papel da Marilia Pera jovem, a Darlene, do Pé na Cova.
Foi muito gratificante, fiz com a mesma responsabilidade e dedicação de tudo que faço, qualquer papel grande ou pequeno eu trato da mesma forma.mA diferença que esse personagem já era feito por ela, então tive que ser fiel a essência da Darlene, claro que pude criar porque fiz ela nova, então seria outro momento, mas tentei ser o mais parecido possível com o que a Marilia Pera criou. O personagem era dela, ela que inventou e eu peguei emprestado, foi maravilhoso, gostoso, divertido ter feito a Darlene, era debochada e leve… Sinto saudade, uma oportunidade dessa não sei se ia ter de novo.
Quando soube do teste, vi todos os vídeos da Darlene, milhões de vezes, depois os trejeitos do copo, do cigarro e a voz, fui construindo o jeito de andar, as falas, as pausas. Marilia pera era excelente, que aula! Não tivemos muito contato nesse produto, mas já tinha trabalhado com ela na Vida Alheia e Aquele Beijo.
Pé na Cova
Paula Frascari e Marília Pêra
Pé na Cova
Bastidores de Pé na Cova
Pé na Cova
Darlene e Russo jovens

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