Diante da grande tela de cinema, quem foi a meses atrás assistir o lançamento de Os Incríveis 2 se deparou com o curta metragem Bao. É uma tradição da Pixar exibir um curta antes dos seus longas… Há quem gostou, desgostou e uma turma que não entendeu a história, mas como ela tem um ensinamento lindo para nós, mães, resolvi compartilhar sobre ele.
O curta metragem Bao é um dos favoritos para o Oscar e esse é um outro motivo que me levou a escrever sobre ele. Se você ainda não assistiu o filme (é curtinho, só 3 minutos), assista e depois continue essa leitura, pois PODE CONTER SPOILERS.
Bem, vamos falar sobre o curta metragem Bao. Como deu para perceber, o filme acontece num contexto oriental. Conhecemos nele uma família chinesa, o pai se mostra ter uma rotina de trabalho longa fora de casa e a mãe é uma senhora, dona de casa e que de um momento pro outro vê um bolinho que ela havia acabado de fazer ter vida.
Nas próximas cenas vemos uma mãe cuidadosa, em seguida percebemos que se trata de alguém super protetora e esse excesso de cuidados vai só aumentando até que para impedir que seu filho saia de casa ela o engole para “acabar com o problema”. A tristeza vem, essa mãe fica deprimida com o ninho vazio e de repente, a porta do seu quarto se abre e por trás dela aparece o seu filho (não mais com a aparência de um bolinho chinês). O pai colabora para a reaproximação de mãe e filho, momentos depois a nora participa da cena numa refeição em família e fim.
Talvez você tenha achado esse filme mais confusa do que qualquer outra coisa, até teve uma identificação com essa mãe que era super dedicada e não teve reconhecimento da sua família, principalmente do filho. Mas depois perdeu o interesse pelo curta porque não o entendeu: como assim uma mãe come o filho? Como assim aparece um filho (ser humano) depois disso? Bem, a resposta é simples.
O filho dessa chinesa nunca foi um bolinho, ele sempre foi uma criança normal, mas essa mãe o via como um ser muito frágil, incapaz de fazer suas coisas sozinho, brincar sem se machucar… Alguém que deveria ser criado numa redoma e privado das maldades desse mundo.
Vê-lo como um bolinho vem de uma analogia de um ditado chinês: “Se eu pudesse, eu te colocava na minha barriga outra vez”, esse é um pensamento local que traduz muito bem essa maternidade super protetora, passa a dar todo o sentido para o que acabamos de assistir, não é mesmo?!
Após refletir, me vi nesse filme. Hoje cedo eu fui caminhando com os meninos até a costureira, no caminho sentimos um cheiro ruim muito forte, mais a frente vi que tinha um gato morto no canto da calçada. Avisei os meninos para passarmos rápido e sem pisar no coco (que estavam espalhados pela calçada também) e no gato morto, seguimos rápido para fugir do mal cheiro e pronto.
Assistindo o curta metragem Bao e avisando sobre a morte do gato para os meninos, eu pensei na Nathália, mãe de primeira viagem. Quando Danilo era bem mais novo, até uns 3 anos, evitávamos falar sobre morte com ele, tentávamos ao máximo privá-lo de qualquer tipo de sofrimento… A maturidade foi chegando pra ele, as suas perguntas foram vindo, nós fomos respondendo e chegou um momento que a ficha dele caiu e ele entendeu que a morte, o sofrimento, a fome e muitas outras tristezas nessa vida existiam e existem (claro que tudo numa perspectiva de uma criança).
A Nathália de antes mudaria de rua para não contar aos filhos (principalmente ao Henrique que só tem 3 aninhos) que havia ali um animalzinho morto. A de hoje não! Fui entendendo que assim como eu não fui privada pelos meus pais de frequentar velórios, vê-los chorar a morte de muitos entes queridos e etc, eu deveria seguir o mesmo caminho que eles nesse sentido. Não posso criar meus filhos como um bolinho chinês, eles são frágeis sim, mas frágeis como qualquer outra criança… Machucar num jogo de futebol é normal, faz parte da brincadeira.
Já existem outras postagens aqui no blog que falamos sobre morte, até mesmo sobre como meus meninos vivenciaram as primeiras perdas de pessoas muito presentes na nossa família, mas hoje, vivendo a experiência de fugir apenas do mal cheiro do gato morto e não de esconder a morte dos meninos me fez ver que eu mudei como mãe e que o curta metragem Bao faz uma analogia perfeita para nos mostrar que ainda que não nos consideremos super protetoras, pode ser que em algum detalhe da nossa maternidade isso seja uma realidade na nossa casa.
Como é que vocês lidam com as frustrações aí na casa de vocês?
Já tinham assistido ao curta metragem Bao? Gostaram?
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