Vivemos mergulhados numa cultura do desempenho, do excesso de tarefas, da positividade forçada. O filósofo Byung-Chul Han, em seu livro “Sociedade do Cansaço”, revela de forma profunda como o ritmo de nossas vidas está cada vez mais intenso — como se desacelerar ou descansar fosse sinônimo de fracasso.
O resultado? Nos tornamos ansiosos, esgotados, distantes do silêncio e da contemplação. Passamos a acreditar que só seremos livres quando estivermos sempre ocupados, sempre produtivos, sempre conectados. Mas, nas palavras de Han, a verdadeira liberdade está em também aceitar o tempo de pausa, o exercício do tédio, a coragem de se desconectar do barulho das mil tarefas e buscar momentos de profundidade e reflexão.
A multitarefa, vista hoje como avanço ou habilidade, é apresentada pelo autor como um retrocesso — mais próxima da vida animal em estado de alerta do que do ser humano pleno, capaz de meditar, criar e contemplar. Essa aceleração extrema não produz felicidade, mas sim isolamento, fadiga e, muitas vezes, tristeza profunda.

Em 2023, vivi na pele o que Byung-Chul Han descreve em “Sociedade do Cansaço”. Descobri, com um diagnóstico de burnout, que eu não estava apenas exausta — estava doente. O desejo de dar conta de tudo, todos os dias, me empurrou para além dos meus limites e, no piloto automático, eu nem percebia o quanto minha vida acelerada me consumia.
No ambiente de trabalho, pressões, assédio moral e relações tóxicas foram minando minha saúde. A saída de colegas me abalava, não só pela perda da companhia, mas por perceber que, na prática, eu acabaria assumindo ainda mais tarefas — um plano silencioso de sobrecarga que nunca teve intervalo. O estresse saía do meu local de trabalho comigo e contaminava minha família e meus relacionamentos, criando um ciclo perigoso que só mudaria se eu tomasse de volta as rédeas da minha vida.
Foi preciso pedir ajuda — recorrer a medicamentos, mergulhar em terapia, repensar minha postura frente ao trabalho e, quando possível, buscar novos caminhos profissionais. A sociedade do cansaço é, sim, uma realidade dura e presente. Mas reconhecer esse alerta foi o primeiro passo para não permitir que ela defina meu futuro.Em 2023, o burnout deixou de ser só um conceito para mim — virou realidade. Precisou vir a doença para eu entender que aquilo não era apenas um cansaço passageiro. Descobri, ali, que tentar dar conta de tudo estava me adoecendo pouco a pouco, e a pressa do cotidiano me impedia de perceber o quanto isso me custava.
Diante desse cenário, “Sociedade do Cansaço” é uma leitura essencial para os nossos dias. É um convite para pensarmos como queremos viver: será que a vida realmente precisa ser assim apressada, dispersa e cansada? Que tal desacelerar, abraçar o ócio criativo e começar a repensar nossos hábitos?
Leia este livro e permita-se refletir: talvez seja pela lentidão, pelo silêncio e pela contemplação que você encontre sentido onde só havia cansaço.
Aproveitando o assunto, recomendo a leitura de um conteúdo já publicado aqui no blog também, sobre a série que assim como este livro, é essencial para os dias de hoje: Adolescência.
Leia, compartilhe e permita que suas ideias provoquem pausas e transformações em sua rotina.
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