Nossa casa está em mudança! O quarto que funcionava como escritório, biblioteca, quarto de visitas e onde ficava a nossa televisão, agora, vai ser transformado no quarto do nosso filho. Tira móvel, muda uma coisa, muda outra, traz pra sala, muda a sala… E é assim que a nossa casa vem ganhando outra cara, para receber o novo membro da nossa pequena família.
Tantas mudanças no espaço físico anunciam que algo mais profundo e abrangente está acontecendo conosco, neste caminho de nos tornarmos pai e mãe. Desde o período de gestação, já não olhamos da mesma maneira para a nossa família e suas histórias, ajustamos nossas prioridades e projetos, nossa percepção sobre o espaço doméstico mudou e até a vida lá fora – nossa relação com o trabalho, os amigos, a cidade, a igreja – está sendo atravessada pela paternidade.
Em meio a tudo isso, também percebo que, quando eu abro a porta de casa, ainda é a nossa casa. Este lugar, que já está tão diferente, ainda preserva algo familiar, que sustenta o sentimento de pertencimento e nos encoraja diante das mudanças. Metaforicamente, esta familiaridade parece estar relacionada à nossa vida conjugal. A intimidade que vem sendo desenvolvida no nosso casamento é o que nos faz sentir “em casa”. Isso nos capacita a responder ao desafio da paternidade e a integrar a mudança permanente que a chegada desta “pessoinha” traz.
Sem descuidar de que somos marido e mulher, um espaço inapagável para o nosso filho se abre em nossas vidas e nos transforma. E não somente a nós, mas também a nossa família ampliada. Nossos pais estão se adaptando para serem avós, nossas irmãs, tias, nossos avós, bisavós… Estamos num processo de realinhamento dos nossos relacionamentos, dos papéis que desempenhamos, para suportar em amor a entrada do nosso filho e continuar desenvolvendo como família.
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